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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Desterro, um dos bairros mais antigos de São Luís, é revitalizado



O Desterro foi cenário dos primeiros momentos da ocupação portuguesa em São Luís. Caminhando pelas vielas do bairro, é possível encontrar facilmente os traços colônias que perduram até hoje no local. Apesar de localizar-se no extremo oposto da cidadela fundada pelos franceses (cercada por muros), o Desterro já aparece sinalizado na primeira planta da cidade, de 1642, como uma expansão da área urbana, ligado pela Rua da Palma e outros dois arruamentos. Na planta, observa-se a presença de uma rua que desemboca no mar, deixando clara a finalidade portuária na área – que se mantém viva até hoje - e da igreja, que nesse momento tinha como orago Nossa Senhora do Desterro, invocação muito comum entre os portugueses que vinham para as colônias. Após sucessivas reconstruções, a igreja passou a ter como orago São José do Desterro.

Através da Fundação Municipal de Cultura (Func), a Prefeitura de São Luís realiza todos os anos a Feira do Livro, que tem como objetivo expandir a cultura literária e incentivar o hábito da leitura nos cidadãos da capital. Para a campanha de 2014, o bairro do Desterro foi escolhido como sede da maior festa literária do estado do Maranhão. Conforme divulgado pela Func, a intenção é fazer algo voltado para o público infantil. “Este ano, a essência da Feira está voltada ao público infantil e ao incentivo à produção literária nessa área. Mas não apenas isso: a feira realizada no Centro Histórico busca provocar a cidade a rever a cidade, a redescobri-la nas suas lembranças de infância, a fazer uma releitura e ver na cidade outras possibilidades de encontro e, assim, viver uma nova experiência de encantamento pela cidade e por sua literatura”, declarou Francisco Gonçalves.

A escolha do Desterro como centro principal da Feira do Livro de 2014 não foi por acaso: o bairro é um dos mais antigos da cidade - um dos onze que compõem o Centro Histórico de São Luís do Maranhão – e já foi tombado pela Unesco como patrimônio histórico da humanidade. Através de suas ruas é possível contemplar um dos principais conjuntos arquitetônicos do Brasil dos séculos XVIII e XIX.

Apesar de abrigar construções memoráveis e guardar um importante legado histórico, como a Igreja do Desterro, uma das mais antigas de São Luís, e o Convento das Mercês, o bairro estava sofrendo uma leve queda em relação ao movimento turístico no local nos últimos tempos, pois a maioria de turistas e ludovicenses acabavam se dirigindo somente à Praia Grande, região consolidada no roteiro turístico de quem visita a cidade. Acredita-se que com os reparos feitos no local, início das atividades de revitalização do bairro e a chegada da Feira do Livro, o Desterro receba um fluxo maior de visitantes nos próximos dias.

A programação do evento será desenvolvida em seis pontos diferentes da região: Convento das Mercês, Auditório da Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Largo da Igreja do Desterro, praça lateral do Museu do Audiovisual do Maranhão (Mavam), Escola de Música do Bom Menino e Aliança Francesa. A proposta é fazer que os visitantes do bairro conheçam os diversos pontos famosos de lá.

Revitalização
Após enfrentar um longo período de decadência econômica, o bairro do Desterro começa a receber um processo de revitalização que foi implantado por meio da Prefeitura de São Luís com o objetivo de restaurar casarões, praças e pontos notáveis de toda a região do Centro Histórico da cidade. Aos poucos é possível observar que luminárias e postes estão sendo trocados, que as praças estão mais limpas e o sistema de policiamento aumentou na região. É elementar que a preservação de tudo que será restaurado também fica por conta dos moradores do local, que em sua maioria estão acima dos 40 anos, conforme informou a Associação dos Moradores do Desterro. O bairro que já foi um dos principais centros comerciais e também residenciais da de São Luís, agora recebe trabalhos voltados para a infra-estrutura e até restaurações de casarões coloniais que estavam em condições de desabamento.

Dono de um comércio no Desterro, Cláudio Cutrim, que mora no local há 55 anos comentou: “como habitante daqui, fico feliz por ver essa iniciativa, pois o bairro ganha uma nova vida e tanto nós moradores quanto os visitantes saem ganhando. Nós que moramos aqui ganhamos pela maior segurança que o bairro recebe e pelos lucros que ganhamos através dos negócios que mantemos aqui no Desterro; e os visitantes colhem os frutos de poder conhecer mais sobre um dos pontos mais célebres de São Luís”.

O Desterro recebeu reforço com policiamento especial desde a semana passada e em alguns pontos estão sendo instaladas novas iluminações para auxiliar na segurança. “Quem mora no local sabe que estávamos precisando de mais atenção, pois o legado cultural do nosso bairro estava sendo esquecido, principalmente pelas próprias pessoas daqui. Pouca gente sabe que saíram grandes artistas, de diversas áreas, daqui do bairro pro Brasil e pro mundo e muitos dos que passam por aqui não sabem nem metade das histórias escondidas por trás dos casarões antigos que ainda estão firmes”, explica o morador e integrante da Associação de Moradores do Desterro, Guttemberg Santos.

Pedro Laurindo dos Santos Filho, o famoso “Dotinha” - figura ilustre que é encontrada constantemente no Desterro e um dos maiores campeões mundiais de dama – sempre conta histórias míticas do lugar e se demonstra apaixonado pelo bairro, conhecendo quase todos os moradores.

Com o início da Feira do Livro, é expectável que bons reflexos apareçam no Desterro, e no momento certo, pois o bairro vivia à margem de todo o processo de melhoria do Centro Histórico e ainda não havia recebido a devida atenção. Um bairro que emana cultura e dissemina a história de São Luís por intermédio de suas marcas e pontos históricos, azulejos e fechadas de casarões centenários, deve ser tratado com atenção e nunca submetido ao abandono.

Fonte: Jornal Cazumbá

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