Quando
começou a ser construído, em 1654, o Convento das Mercês tinha uma modesta
estrutura em taipa coberta de palha. E apenas no ano seguinte a capela-mor
seria erguida em um terreno adicional, com a reedificação das instalações em
pedra e cal. Decorridos 360 anos da fundação, o prédio monumental no atual
bairro do Desterro, com 5,8 mil metros quadrados de área construída, representa
hoje um símbolo arquitetônico do período colonial em São Luís. Para comemorar
essa história, a Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), vinculada à
Secretaria Estadual da Educação, promove este mês uma programação variada.
“A
Fundação veio realmente fortalecer o elo com a cultura e a história, e com a
necessidade de cultuarmos a memória e conhecermos quem somos, para sermos
melhores no futuro”, disse a O Imparcial a presidente da FMRB, Anna Graziella
Santana Neiva, destacando a expectativa de aumentar a participação de
visitantes na programação, uma vez que o mês de junho tradicionalmente atrai um
grande contingente de turistas à cidade, em busca das peculiares festividades
nos arraiais. Ela informou que cerca de 2,5 mil pessoas visitam por mês o
equipamento cultural, detentor de um rico acervo museológico e bibliográfico.
Com
a plateia lotada, as comemorações tiveram início ontem, com apresentações de
grupos que participam do 3º Festival de Música Barroca de Alcântara. Além disso,
foi aberta a exposição Conventos das Mercês, 360 anos: templo do conhecimento e
da memória, que no formato de uma linha do tempo conta momentos marcantes da
história do prédio, através de fotos do acervo audiovisual da instituição,
reproduzindo imagens preservadas na primeira década do século passado. Dividida
em três períodos (religioso, civil e militar, e patrimonial), a mostra
compreende desde a chegada da Ordem dos Mercedários, fundadora da igreja e do
convento, até a fase atual, com o funcionamento da FMRB.
Arraial
e bumba meu boi
Incrementando
as festividades juninas da cidade, amanhã (11), a partir das 18h, realiza-se o
Arraial das Mercês. A programação tem início com a Banda do Bom Menino das
Mercês executando um repertório tradicional que inclui quadrilhas, xote, xaxado
e baião, assim como toadas de bumba meu boi. A seguir, o terreiro das Mercês
passa a ser ocupado pelos integrantes do Tambor de Crioula de Apolônio, que
recentemente participou da temporada da Festa do Divino na Ilha. Trazendo ao
público uma verdadeira miscelânea cultural com toadas de todos os sotaques do
bumba meu boi maranhense, além de cacuriá, Tambor de Crioula, dança do côco e
quadrilha, a trupiada do Boizinho Barrica se apresenta a partir das 20h. E a
festa do arraial prossegue com os brincantes do Boi de Nina Rodrigues, de
sotaque de orquestra.
Por
ocasião do Arraial das Mercês, a FMRB planeja homenagear uma das principais
manifestações culturais do estado, com a abertura da exposição Bumba meu boi e
as cores do Maranhão. A mostra é composta de paineis assinados pela arquiteta
Letícia Desterro, representando os cinco sotaques, os personagens e as etapas
do auto do bumba meu boi. Além disso, expõem-se couros de bois e indumentárias
de grupos da cidade. “A Fundação prestigia o que é nosso por entender que o
maranhense é um povo de cultura forte e tem que ser reverenciado”, disse Anna
Graziella Santana Neiva, informando que a exposição permanece até o fim de
junho.
Outra
estratégia moderna de atrair novos visitantes ao equipamento cultural do
Desterro são os flashmobs, ou encenações surpresa que foram planejadas para
ocorrer durante o mês em pontos variados da cidade, como espaços abertos e
shopping centers, contextualizando vários momentos históricos ligados ao
Convento das Mercês.
Exposição
permanente
Contar
de forma contemporânea e contextualizada a história do Brasil. De acordo com
Ana Graziella, este é o principal objetivo da exposição permanente que funciona
em uma das galerias do Convento das Mercês. Segundo ela, o acervo digitalizado
compreende mais de 5 mil documentos, que rememora a fase de redemocratização do
Brasil, na década de 1980.
Acompanhando
a reportagem ao museu, a guia Theresa Nascimento esclareceu que a exposição
permanente é formada de objetos que foram presenteados ao senador e
ex-presidente José Sarney no decorrer de sua trajetória política, especialmente
quando ocupou a chefia do Poder Executivo no país. Em diferentes espaços, as
peças preservadas contam a história da República, representada em objetos e na
galeria de retratos dos presidentes brasileiros. Outro setor traz o lado
intelectual de José Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e
autor de diversos títulos, dos quais se expõem exemplares de diferentes
edições. Em um salão, inúmeras obras de arte recebidas pelo político e
escritor.
Com
entrada gratuita, o museu fica aberto ao público de segunda a sexta-feira, das
8h às 19h; e aos sábados das 8h às 12h.
Fonte: O Imparcial
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