Tem um
gigante adormecido aí do lado. A Bolívia, com seus cerca de 1,1 milhão de
quilômetros quadrados, é o quinto país da América do Sul em extensão e uma boa
oportunidade para: a) carimbar o passaporte no exterior sem desembolsar muito;
b) ver neve, gastar o gás que resta nesse corpinho e contemplar paisagens
incríveis; e c) conferir de perto uma das culturas mais antigas do planeta.
Por
partes: o acesso ao país andino é fácil. São Paulo tem vôos diários para a
capital administrativa La Paz (a constitucional é Sucre). Se o seu espírito é
aventureiro, pode passar num dos guichês da rodoviária da Barra Funda e
reservar um lugar no ônibus até Puerto Suarez. Da cidade, na divisa com Corumbá
(MS), saem ônibus e trens para o centro do país.
O
"trem da morte" é só para você dizer que já passeou sobre esses
trilhos: há um imenso descampado nas 18 horas de percurso até Santa Cruz, onde
o acesso para La Paz é mais fácil. As atrações bolivianas estão concentradas no
entorno da capital e no sudoeste, na fronteira com o Chile.
Então
entramos na segunda parte. La Paz é a capital mais alta do mundo, a 3.650 m do
nível do mar. Isso quer dizer que é frio o ano todo, independentemente da
estação --é lógico que no inverno é mais, mas no verão a temperatura não passa
dos 20ºC.
Se for
de avião, logo vai notar de perto imensos blocos de neve sobre a cordilheira
dos Andes --os pilotos não tomam muita distância dos picos, e isso dá medo.
Prepare-se
para perder o fôlego quando chegar. O aeroporto de El Alto fica a 4.100 m. Vai
dar dor de cabeça, enjôo, você não vai querer sair, mas isso passa em um dia.
Aí você
vai começar a achar que a viagem valeu a pena. Chacaltaya, uma das colunas dos
Andes, a cordilheira Real, fica a menos de duas horas de La Paz. Com uma
graninha bem justa --não passa de R$ 40--, você pode esquiar na pista mais alta
do mundo. Do outro lado da cidade, as ruínas de Tiahuanaco são uma mostra do
que foi a América do Sul antes da civilização inca e de os europeus chegarem
por aqui.
E olha
que ainda tem o Titicaca, o salar de Uyuni... Haja fôlego!
Proximidade
La Paz
fica a 54 horas por terra de São Paulo e pouco mais de duas horas de avião.
Mais ou menos a mesma distância de São Luís (MA), por exemplo. Vamos apostar:
você já pensou em visitar a capital maranhense, mas jamais passou pela sua
cabeça dar uma passada lá na Bolívia.
Só uns
exemplos do que está perdendo. Chacaltaya, a base da estação de esqui fica a
5.265 m e não é superada por nenhuma no mundo. De lá, avista-se La Paz, lagoas
de águas cristalinas formadas pelo gelo e parte da cordilheira Real, um dos
braços dos Andes. O melhor a fazer é esperar o inverno --as nuvens não costumam
aparecer nessa época, e a vista pode ser desfrutada sem crise.
Claro,
tem o Titicaca, em Copacabana, que você deve conhecer das aulas de geografia (é
o lago navegável mais alto do mundo). A vista é impressionante --você vai jurar
que nada é mais azul--, e o peixe assado dos restaurantes de lá, delicioso.
E
sobraram o sal e as belas paisagens de Uyuni, no região sudoeste do país. Fica
a oito horas de La Paz e é considerado o maior salar do planeta --deserto
formado pela evaporação das lagoas de água salgada.
Antes de
viajar, no entanto, programe-se: só é permitido esquiar em Chacaltaya em
algumas épocas do ano (no inverno, quando as tempestades de neve são mais
fortes, é proibido) e os passeios pelo Uyuni valem pelo menos uns três dias de
estadia por lá.
Fonte: Folha Turismo
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