A Festa de São Marçal, que completa 82 anos de existência, tem início na madrugada desta terça-feira, quando começa a concentração para a apresentação no corredor da trupiada, e durará o dia inteiro. O primeiro boi de matraca deverá se apresentar às 6h do dia 30. Já os grupos de outros sotaques deverão se apresentar entre 1h e 6h da manhã do mesmo dia.
Na hora da festa, o Exército fará a tradicional distribuição de 15 mil porções de 300 ml de caldo de feijão, 15 mil embalagens de 500 ml com água gelada. Para a festa, foi montado um palco na Praça Ivar Saldanha. O trânsito será desviado em algumas ruas nas redondezas da Avenida São Marçal. Agentes de trânsito farão o auxílio dos motoristas que precisarem passar pelo local.
A segurança será feita por 200 homens da Polícia Militar e 50 do Corpo de Bombeiros. De acordo com um dos organizadores da festa, Raimundo Morais, no local, haverá três ambulâncias mais um mini posto de saúde do Exército. Oitenta banheiros químicos foram instalados ao longo da avenida para dar suporte à festa.
- Serão distribuídos troféus simbólicos de São Marçal para os grupos de bumba-meu-boi. É uma forma de incentivar a participação - acredita Raimundo Morais.
A estimativa é que a festa no João Paulo reúna cerca de 350 mil pessoas este ano.
Origem
A Festa de São Marçal é a que oficialmente encerra os festejos juninos em São Luís. Como algumas histórias antiga de manifestação popular, podem haver divergências sobre sua origem.
O site da Prefeitura de São Luís divulgou este texto sobre a origem da festa:
"Apontam que um dos principais responsáveis pelo encontro de bois foi o saudoso José Pacífico de Moraes, mais conhecido como Bicas, nascido em 1901 e falecido em 1972. Tudo começou quando ele, após assistir no bairro Anil diversas apresentações de bumba-meu-boi, principalmente dos grupos do Sítio do Apicum e de São José dos Índios, ficou bastante empolgado e resolveu contratar as duas brincadeiras para fazerem apresentações no bairro do João Paulo, onde residia.
Em 1929, os grupos, ao se deslocarem para o João Paulo, foram se multiplicando, iniciando a tradição do encontro de São Marçal e, por conseguinte, da própria aceitação da brincadeira de bumba-meu-boi nos bairros urbanos. Daí em diante, o bairro do João Paulo passou a ser a sede das mais diversas brincadeiras folclóricas, principalmente, na época das festas juninas, tornando-se, naquela oportunidade, o único arraial longe dos terreiros do interior da Ilha e muito próximo do centro de São Luís."Já o Portal Imirante, em sua reportagem sobre a Festa de São Marçal, diz que a origem da festa se deu desta forma:
"A Festa de São Marçal, que oficialmente encerra os festejos juninos em São Luís, surgiu a partir da proibição aos grupos de bumba-meu-boi, de cunho popular, de seguirem para a área do centro da cidade, sob pretexto de manutenção da segurança, ordem e tranqüilidade.
A polícia não permitia que os brincantes passassem do areal do João Paulo. Lá mesmo, eles se encontravam. Havia uma disputa grande e, muitas vezes, violenta entre os grupos.
O encontro dos bumba-boi foi então se consolidando a cada ano e se expandiu, tomando proporções gigantescas. Devido ao crescimento da brincadeira, durante algum tempo ela se afastou do bairro. Em 2006, a Prefeitura de São Luís, depois de ter sancionado a lei que alterou o nome da Avenida João Pessoa para São Marçal, atribuiu à Festa de São Marçal título de bem cultural e imaterial, transformando a data no Dia Municipal do Brincante de Bumba-Boi, além de decretar o dia como ponto facultativo municipal."
Independente da forma como foi criada, a Festa de São Marçal é um marco na cultura popular de São Luís. O grande encontro de bumba-meu-bois no João Paulo dura o dia inteiro, faça chuva ou faça sol, e consegue reunir os maiores grupos de bumba-meu-boi do Maranhão, seus brincantes, seus cantadores e seus batalhões, além de uma legião de apaixonados pelas brincadeiras, suas roupas e toadas, e muitos turistas, que estão em São Luís por conta do São João, decidem ficar mais alguns dias para acompanhar a Festa de São Pedro e terminam ficando mais um pouco para apreciar a Festa de São Marçal.
Parente de Santo Estevão, São Marçal era um dos 72 discípulos de Cristo que o seguiu continuamente. Filho de Marcelo e Elizabeth, era menino quando Jesus tomou de suas mãos o peixe e os pães com os quais alimentou cinco mil homens no deserto. Foi batizado por São Pedro aos 15 anos por ordem do Messias. Esteve presente na Última Ceia e o ajudou a lavar os pés dos apóstolos.
Depois da ascensão de Jesus, acompanhou Pedro em sua evangelização. Em um sonho em que foi visitado por Cristo, Pedro recebeu ordens de encaminhar Marçal para pregar na França.
Um de seus milagres foi uma ressurreição, quando São Marçal ainda estava vivo. Para tal feito, utilizou-se de um cajado que lhe tinha sido dado por São Pedro. Com esse mesmo instrumento, curou paralíticos e apagou incêndios - por essa razão é o santo que livra a humanidade do fogo.
Sua força era tanta que sobre ele há uma história de conversão de doze mil pessoas num único dia. Ao repreender os adoradores de imagens, foi preso e açoitado.
Uma enorme claridade invadiu a cela onde ele se encontrava e o libertou, juntamente com todos que ali estavam. No mesmo instante, um raio matou todos os seus algozes.
A proporção do acontecido foi tamanha que milhares de pessoas, que estiveram ali, quiseram ser batizadas naquele momento.
Morreu 40 anos depois da crucificação de Cristo, aos 59 anos, como exemplo de fé e perseverança. Era homem de muita oração, fazia jejuns constantes e só se alimentava uma vez ao dia.
Comemorado no período de festas juninas, São Marçal é reverenciado por todos que se envolvem com o folclore, que lhe oferecem músicas e fazem promessas.
Santo Desconhecido
Uma imagem de São Marçal pintada em azulejo, datada do século XVIII, está guardada na sacristia da Igreja
Nossa Senhora de Santana, na Rua de Santana, Centro, em São Luís. Na verdade, o ícone faz parte de uma composição maior, um painel com aproximadamente 1,8 metros de altura, que traz uma representação policromada de Nossa Senhora da Piedade (Pietá).
Logo abaixo da imagem, o artista pintou São Marçal em um pequeno quadro, com cerca de 20 centímetros, integrando parte da moldura de grinalda, com flores e aves pendentes, que cerca a Santa com Cristo morto no regaço. O santo é pintado em azul e envolto em uma pequena cercadura dourada.
Livro
Segundo consta no livro Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados: a experiência do Maranhão, publicado em 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e assinado por Stella Regia Soares Brito, Osvaldo Gouveia Ribeiro e Kátia Bogea, a pintura é procedente de Portugal. Trazido a São Luís, o painel pertenceu, primeiramente, à Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Mulatos, fundada em 1743 e demolida na década de 30 do século passado. A construção situava-se onde hoje está localizado o prédio Caiçara, na Rua Grande, no centro da cidade.
De acordo com o sacristão da Igreja Nossa Senhora de Santana, José Benedito Conceição Pinto, a azulejaria era um dos 14 painéis integrantes da Via-Sacra pintada na igreja demolida. “Este é o único que veio para esta igreja. Não se tem informações sobre onde estão os outros painéis”, conta. José Benedito Conceição Pinto diz que o São Marçal é pouco visitado. “Só alguns fiéis e alguns turistas sabem da existência dele. São raros os ludovicenses que procuram o painel”.
Ponto FacultativoNesta terça-feira (30), devido ao dia de São Marçal, será ponto facultativo, de acordo com o decreto nº 37.184 do Executivo municipal. Órgãos da administração direta, indireta, autarquias e fundações municipais não funcionam.
Apenas os serviços essenciais funcionarão, tais como saúde (urgência e emergência), limpeza pública, Guarda Municipal, fiscalização de trânsito e terminais de integração de passageiros.
Fonte: Portal Imirante e Prefeitura de São Luís
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